Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Algo inusitado ocorreu na última reunião de quotistas do FMI. O delegado brasileiro, reconhecido economista Paulo Nogueira Batista Jr., ex-FGV, hoje também representando outra dezena de países das Américas do Sul e Central, usou da palavra para protestar CONTRA a nova ajuda financeira projetada para a Grécia, da ordem de 4,4 bi de euros em 2014. No momento, o programa conjunto CE-FMI de ajuda à Grécia ascende a 172 bi euros e representará um compromisso de dívida em 2013 da ordem de 176% do PIB grego. Este é justamente o ponto levantado por Nogueira Batista. O FMI despendeu em nome dos seus sócios uma quantia astronômica para obter um resultado pífio. A economia grega não dá sinais de sair do atoleiro. Todos os indicadores relativos a PIB só irão piorar, tornando ainda mais improvável a rolagem da dívida atual. O que implicará nova distribuição de perdas entre os credores.

Nogueira protesta contra colocar mais dinheiro bom em cima de dívida duvidosa. Está correto. A questão é política e envolve o uso de recursos mundiais para rolar dívidas de “primeiro mundo”. O recado para quem faz cenários de 2014 está no ar: não esperar por qualquer melhora rápida das condições financeiras dos habituais endividados, ai incluídos Portugal, Espanha e Itália. A China, por seu turno, pode provocar também ruídos. Esta seria a razão pela qual o FED persiste nas compras bilionárias de títulos, estendendo o QE3 em QE 4, aliás QE Four, de “forever”, como apontam os críticos. O Brasil, agora credor líquido no FMI, não quer ajudar a pagar mais contas penduradas. Quem diria, o governo do PT, um dia, negando socorro a um país “carente” da Eurozona.

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