Por José Valter Martins, da RC Consultores

Aumentou o ruído no mercado sobre o estouro imobiliário e do setor financeiro shadow na China. No entanto, o jornal Financial News afirma que é pouco provável que haja uma onda de calotes de empresas na China. O editorial afirma que a prioridade dos dirigentes chineses é estabilizar o crescimento, afrouxar as condições monetárias e fortalecer a regulação, o que impedirá uma inadimplência generalizada.

A China vive um momento de inflexão. As diversas vulnerabilidades do modelo econômico chinês que aumentaram na última década reforçam que a mudança é prioridade. Especialistas afirmam que as reformas que têm que avançar são basicamente centradas na transformação do modelo econômico de capital intensivo e sobre-endividamento, que se esgotou econômica e politicamente. O modelo iniciado nos anos 90 gerou na última década investimento desperdiçado em capacidade excessiva em diversos setores, fraude e elefantes brancos, gerando inclusive investimentos com retorno negativo. Deflacionar a bolha imobiliária é um quebra-cabeça. Apenas 60 empresas do setor detêm 80% das responsabilidades financeiras, com alavancagem superior a 300%. O setor bancário shadow representa 44% do PIB. O resultado de curto e médio prazo será o abrandamento da taxa de crescimento anual, que atualmente ronda os 7%. No entanto, é importante lembrar que a posição externa da China continua forte. Em julho o superávit comercial de US$ 47,3 bilhões foi recorde, um resultado 14% superior ao mês anterior. Dificilmente a China voltará a crescer a dois dígitos. Mas também é pouco provável que venha a crescer abaixo de 5% na próxima década.