Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, explica hoje no parlamento europeu o plano que projeta uma injeção de 315 bilhões de euros na economia da zona do euro. O plano Juncker, como é conhecido, prevê a criação de um Fundo Europeu para o Investimento Estratégico (FEIE), uma espécie de capital de risco para financiar projetos com nível de risco mais elevados que os escolhidos pelo Banco Europeu de Investimento.

Juncker vai ter a difícil missão de converter 21 bilhões de euros de fundos europeus em € 315 bilhões de investimentos. Isso porque uma das grandes dúvidas é a capacidade de alavancagem dos € 21 bilhões, sob forma de garantia, que a Comissão tem no orçamento. Ou seja, cada euro do fundo europeu teria de se reproduzir 14 vezes em capital privado para atingir a meta de Juncker. Esse anúncio oficial surge junto do relatório da OCDE que recomenda um pacote de medidas para a zona do euro, de forma a afastar a ameaça de estagnação econômica permanente. Na verdade, o ciclo vicioso que amarra a economia produtiva na zona do euro tem origem no fato das dívidas das famílias, empresas e até de países com comprometimentos excessivos não terem tido solução adequada, dado que implicaria numa complexa reestruturação bancária que os governos desses países preferiram não encarar. No Brasil, sofremos, nesse período, do mal ao contrário, porque tivemos excesso de demanda, com pressões inflacionárias surgindo por todos os lados, que o BC tenta reprimir com aumentos de juros, que continuarão a subir enquanto o governo não fizer sua parte corrigindo o gasto público excessivo.