Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

A relação endividamento total com o PIB na China chegou a 251% ao final de junho. Apenas nos últimos seis meses essa relação subiu 17 pontos percentuais. Ao longo de todo o ano de 2013 o aumento foi de 20 pontos percentuais. No final do ano passado a proporção dívida/PIB era de 234%. Esse rápido incremento é mais preocupante do que o nível absoluto da dívida. Essa perigosa tendência não mostra sinais de reversão.

Após ter êxito em reanimar o crescimento econômico na esteira da crise financeira mundial em 2008, a China está encontrando dificuldade para eliminar a dependência de sua economia em relação ao crédito. Desde 2007 estima-se que o sistema bancário paralelo chinês, o chamado “shadow banking”, emprestou US$ 4,8 trilhões a empresas com maior risco. É o maior boom de crédito da história. O “shadow banking” cobre uma variedade de entidades com muitas funções de banco tradicional, mas é bem menos monitorado pelas autoridades chinesas e não é aberto à concorrência. Em vez de frear o crédito, o governo permitiu a sua aceleração, devido ao temor de uma redução do crescimento, sobretudo pelo declínio no mercado imobiliário regional. Um dado ainda mais preocupante é que um volume crescente de novos créditos está sendo usado para pagar dívidas antigas. Um ajuste na economia chinesa no próximo ano não deve ser descartado. O cenário para o Brasil em 2015 não deve ser fácil.