Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Os problemas do setor elétrico continuam a se avolumar. Embora a probabilidade de racionamento este ano tenha diminuído, a crise financeira ganha contornos preocupantes. Hoje o caixa das companhias do setor ficaria seriamente comprometido se não houvesse medidas paliativas do governo. O problema começou com as distribuidoras, mas já ameaça as geradoras, comercializadoras e grandes consumidores.

Numa situação normal de chuvas, dentro da média histórica, o preço da energia livre deveria estar próximo a R$ 100 o megawatt hora (MWh). Em 2012 estava em R$ 12. Mas como a hidrologia não conseguiu recuperar o nível dos reservatórios, o preço do mercado à vista alcançou o valor máximo de R$ 822/MWh. A conta das distribuidoras atingiu valores bilionários e obrigou o governo a fazer “pacotes” para evitar quebradeiras do setor. Segundo dados da consultoria PSR, divulgados pelo Estadão, a soma dos valores de 2013 e 2014 da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, responsável pela liquidação financeira das operações de compra e venda de energia, somam R$ 56 bilhões. A necessidade de captação de recursos para socorrer as distribuidoras é de R$ 6,5 bilhões. Parte dos recursos será financiado pelo BNDES. O setor não é autossuficiente porque os contratos estão indexados a um preço não realista, que não reflete o mercado de compra e venda. Há dúvidas até onde o governo vai conseguir segurar a situação do setor elétrico.