Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

O alarme financeiro soou em Detroit, quando o governador do Estado de Michigan (EUA), onde aquela cidade se localiza, anunciou uma espécie de intervenção financeira para evitar o calote aberto do município. Detroit já foi o maior centro mundial de produção de automóveis nas décadas de 50 e 60. Mas perdeu projeção quando as grandes produtoras americanas (GM, Ford, Crysler) acabaram cedendo mercado para os carros japoneses. Com isso, a população estagnou e começou a retroceder, de 1,5 milhão de habitantes em 1950 para cerca de 700 mil na atualidade. Mas a dívida mobiliária de Detroit continuou explodindo e chega a US$14 bilhões, representando 20 mil dólares por habitante.

O impasse financeiro de Detroit é um espelho acentuado do tipo de dificuldade que os Estados Unidos enfrentam ao tentar rolar suas dívidas públicas. Obama anunciou na última semana cortes profundos de despesas, cuja repercussão na atitude já reticente dos consumidores acentuará a estagnação da economia interna neste 2013, o quinto ano de crise. Lá, os riscos associados aos títulos públicos são crescentes. A malfadada experiência de Detroit é um alerta também para brasileiros cuja curva de endividamento pessoal é fortemente ascendente. Às dívidas pessoais, muitas vezes esquecemos de somar nossa quota-parte nas dívidas públicas, que pagaremos todos sob a forma de impostos.