Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Dados divulgados ontem pelo Escritório Estatístico da Comunidade Europeia (Eurostat) mostram que a dívida total da União Europeia chegou em 2012 a € 11 trilhões, o equivalente a 90,6% do PIB da região. Esse resultado é 5,5% superior ao registrado em 2011 e 10,7% a 2009. A Grécia tem o recorde de endividamento com 157% do PIB, seguido pela Itália (127%), Portugal (123%) e Irlanda (117%).  Ao todo, 14 países registraram dívidas acima dos 60% do PIB, número recomendado pelo tratado de Maastricht.  Por outro lado, o déficit público médio da União Europeia caiu de 4,4% em 2011 para 4% do PIB em 2012. A Espanha teve o déficit mais elevado do bloco com 10,6%, seguida pela Grécia com 10%. Apenas 7 países respeitaram as normas de Maastricht, registrando menos de 3% do PIB. Ponto fora da curva foi a Alemanha com superávit de 0,2% do PIB.

As estatísticas reforçam as críticas mais recentes à política de rigor fiscal. O próprio presidente da Comissão Europeia, José Barroso, afirmou ontem que a política de austeridade perseguida pela UE nos últimos anos não tem mais o apoio público necessário para dar certo. Na semana passada o FMI disse que o bloco deveria recuar na questão da austeridade. Muito do aumento desses déficits reflete em grande parte o custo de resgatar os bancos. A Espanha, por exemplo, excluídos os custos do resgate dos bancos reduziria seu déficit de 10,6% para 7% do PIB. Foi feito uma escolha global de se resgatar os bancos da crise financeira iniciada em 2008 pelos tesouros nacionais. A conta está chegando.

Ed.170