Por Thiago Custodio Biscuola, da RC Consultores

A balança comercial brasileira registrou déficit pelo segundo mês consecutivo em outubro. No referido mês o déficit foi de US$ 1,2 bilhões. As vendas externas tiveram queda de 19,7% frente a igual mês de 2013. Importações, por sua vez, caíram 15,3%. Entre janeiro e outubro o saldo da balança está negativo em US$ 1,9 bilhões, praticamente mesmo patamar verificado em igual período do ano passado (US$ -2 bilhões). As exportações somam até agora US$ 192 bilhões, nível 4,2% inferior ao de 2013. Este resultado se deve, em grande parte, à queda da cotação internacional das principais commodities brasileiras. Somente o minério e a soja acumulam queda no ano de 40% e 27,4%, respectivamente.

O resultado da balança comercial só não é pior porque as importações declinam praticamente no mesmo ritmo das vendas externas. O fraco desempenho da economia brasileira este ano tem provocado o declínio da absorção de bens estrangeiros. O varejo desacelera e consigo acarreta a redução da venda de bens de consumo, enquanto a indústria continua patinando. Segundo o IBGE, a produção industrial brasileira voltou a cair em setembro, registrando queda 0,2% frente a agosto na série livre de influências sazonais. No ano, o segmento registra redução de 2,9%. A retração da indústria tem reduzido as compras de insumos industriais no estrangeiro. Da mesma forma, o recuo dos investimentos tem diminuído as importações de máquinas e equipamentos. A falta de competitividade de nossa indústria impede uma retomada das exportações. Nossa vizinha Argentina, grande demandante de nossos bens manufaturados, passa por um período de turbulências. O sinal vermelho está reluzente para a economia brasileira, e caso não haja um maior senso de urgência e uma aceleração das reformas, o ajuste se tornará cada vez mais penoso.