Por Marcel Caparoz, da RC Consultores

O padrão de financiamento dos investimentos no Brasil deverá sofrer importantes mudanças a partir de 2014. Isso porque está em discussão uma reformulação estratégica da atuação do BNDES, dando prioridade para os investimentos em infraestrutura e reduzindo os programas de juros subsidiados, que cobram atualmente juros de 3,5% a.a., abaixo da taxa de juros no longo prazo (TJLP) de 5% a.a. Em 2013, o banco deverá liberar ao mercado um volume recorde de R$ 190 bilhões, equivalente a 19,7% da formação de capital no PIB. Para 2014, espera-se uma redução das concessões para um patamar de R$ 150 bilhões, concomitante a uma elevação dos juros cobrados pelos repasses.

Um eventual enxugamento do BNDES seria benéfico para a economia no médio e longo prazo. Tal medida daria mais força ao desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro, consolidando-o como uma fonte alternativa aos recursos que hoje são disponibilizados pelo BNDES. No entanto, tal processo deverá ser realizado gradativamente, dado que o setor produtivo se tornou altamente dependente dessa fonte de recursos. Estima-se que o tempo de ajuste necessário para que os bancos privados atendam à demanda por financiamento deixada pela redução da presença do BNDES seja de 2 a 3 anos. Por fim, uma redução da presença do banco de provento geraria uma menor dependência dos aportes do Tesouro Nacional, colaborando para uma menor pressão sobre a dívida bruta e para um melhor resultado fiscal do Governo.

Ed.331