Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Ontem foi divulgado que a província de Chaco, na Argentina, pagou em pesos, os juros de uma dívida emitida em dólar. O default foi de apenas US$ 250 mil. O valor é irrisório e a província argentina tem apenas 2% da população. O que chama atenção, no entanto, é que o evento gerou incerteza no mercado em função de todo o contexto que existe na Argentina. A dívida externa argentina é de US$ 150 bilhões, 30% do PIB. As reservas internacionais montam US$ 45 bilhões.

A Argentina enfrenta, além da dificuldade do balanço de pagamentos, um sério problema do déficit orçamentário das províncias. Consultorias projetam o rombo das contas provinciais, incluindo juros da dívida, em cerca de US$ 6,5 bilhões. Com a desaceleração do PIB argentino a queda da arrecadação apresenta recuo acentuado. Os governadores começam a cortar pagamentos em pesos. Soma-se a isso a escassez de dólar que há na Argentina, impedindo as províncias de honrarem seus pagamentos em dólar. O cenário regional se agrava e atrapalha o Brasil, cuja indústria tem vários segmentos voltados à exportação para a nossa vizinha economia.

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