Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

O ataque especulativo contra moedas emergentes continuou ontem, alimentado por mais uma Ata propositadamente confusa do FED americano, que cogita até criar uma espécie de LFT para aumentar juros de curto prazo a partir de setembro. O comentário acabou atingindo todos os países listados pelos especuladores como "vulneráveis". O ataque se concentra em moedas de países de "renda média", como se costuma definir o pelotão dos BRICs e dos chamados NEXT-11, exceto China, por seu volume colossal de reservas e controle cambial estrito. Entre os "vulneráveis" se destacam Índia e Brasil, mas também Rússia, e nos seguintes, Indonésia, Malásia, Turquia, México, África do Sul, Tailândia, todos sob fogo cruzado dos especuladores. Algo como $150 bilhões em reservas já foram empregados pelos bancos centrais para defender suas moedas. A outra arma, aumento de juros, acaba de ser usada pelo banco central turco, com aparente sucesso. O ataque especulativo derruba cotações de bolsa, destrói lucros apurados em moedas locais, faz subir o custo do crédito e adia inversões diretas.

O banco central brasileiro tem agido judiciosamente e isso também "confunde" o mercado local. O BC gastou, até aqui, muito menos do que outros banqueiros centrais na defesa do real. Administra a saída dos que pretendem vender papéis prefixados que acumulam fortes prejuízos. E ainda não definiu a nova taxa de juros. Com isso, como que guardou toda sua munição, deixando o mercado subir quase livremente. É uma tática inteligente. Primeiro, por reconhecer que os emergentes estão todos sob ataque e, portanto, não vale a pena gastar energia contra uma onda mundial. Melhor esperar que estabilize e, depois, reflua. Em seguida, medir a força da especulação interna, deixando que mostre a cara. A definição dos juros no próximo COPOM será o ponto decisivo na eventual inversão dos efeitos altistas do atual ataque sobre o real.

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