Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Na semana passada o Tesouro fez uma emissão a 11 anos, com juros prefixados de 13,4% ao ano. Nessa emissão de NTF-F, com vencimento em 1º de janeiro de 2025, foi captado R$ 1,64 bilhão. Considerando o IPCA de 2013, a taxa de juro real exigida pelo mercado para essa colocação fica em 7%. O mercado negocia hoje papéis do Tesouro a 10 anos com juros de 13,1% a.a. Há um ano, para esse prazo, os juros eram de 9,2% a.a., que indicava um juro real em torno de 3,2%.

Parece haver no início deste ano uma mudança de rumo dos investidores globais com os fluxos de capitais saindo de alguns países emergentes para países da zona do euro. A Irlanda, que saiu do resgate financeiro há pouco tempo, tem seus papéis de 10 anos negociados a 3,3% a.a. Portugal, que até o final do ano passado pagava taxas em torno dos 7% a.a., fez uma emissão na semana passada pagando 5,36% a.a. Até a Grécia, que no início do ano passado tinha seus títulos negociados a 11,6% a.a., hoje são negociados a 7,7% a.a. O Brasil vai na contra mão. Tornou-se notória nossa vulnerabilidade. O fluxo de capital para o Brasil diminuiu de forma importante, não só em função das reduções de compra dos ativos pelo Fed, mas também pelas dificuldades de cumprimento da meta fiscal pelo governo. Juros mais altos pagos nas novas emissões elevarão nosso custo financeiro no futuro.

Ed.344