Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

A resistência otimista do Ministério da Fazenda acerca do desempenho da produção de 2012 cede espaço ao realismo. No governo já se trabalha com projeção de PIB 2012 em apenas 1,5%, que coincide com a estimativa divulgada aqui pela RC Consultores. O recuo de ritmo é particularmente forte na indústria, que enfrenta uma compressão de margem entre custos salariais crescentes e incapacidade de repassar tais custos para frente. No segmento de bens intermediários, o aperto de margem é muito grande: levantamento do jornal VALOR sobre os resultados de EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) relativos ao 2º trimestre deste ano sobre igual período do ano anterior revela quedas em resultados de empresas negociadas em Bolsa, especialmente nos ramos de siderurgia, mineração, petroquímica e agronegócio.   Os ramos de telecom, bens de capital e serviços financeiros também tiveram resultados fracos, embora positivos.

Em 2012 a economia brasileira não responderá aos estímulos oficiais com a mesma vivacidade de 2009. A pressão de custos e o fim do superciclo de commodities impõem uma nova situação hoje. A indústria de transformação, com queda alarmante de 4,3% neste 2º trimestre sobre o do ano anterior, é quem melhor expressa esse aperto geral nos segmentos produtivos. Em doze meses até junho, a queda é de 2,47%.

Ed.16