Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

O pacote anunciado por Dilma Rousseff ontem prevê obras de infraestrutura em rodovias e ferrovias no valor de R$ 133 bilhões, mediante concessões a "risco zero" na fase operacional dos investimentos, assim reproduzindo o modelo emergencial de geração elétrica instalado no País após o apagão de 2001 durante o segundo mandato de FHC. O atual governo repete o feito para a área de transportes anunciando que garantirá a demanda mínima de modo a rentabilizar os projetos para que saiam logo do papel. A ideia, em si, é boa quando se tem pressa - caso do Brasil - mas é uma porta escancarada para multiplicação de compromissos financeiros encobertos nos orçamentos públicos de anos futuros.

A razão principal do desequilíbrio das contas públicas em países como Espanha e Portugal reside justamente no modelo aparentemente selecionado agora pelo Brasil para tocar a todo vapor as obras que ficaram adiadas por mais de duas décadas. Uma empresa pública "coordenadora" dos projetos está sendo criada. O anúncio tem grande importância estratégica, mas muito pouca repercussão sobre a desaceleração forte da economia neste segundo semestre. Em termos de demanda por máquinas e equipamentos, tudo dependerá de uma competência de gestão ainda não confirmada pela atual administração.

Ed.09