Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

A recuperação do setor industrial de transformação ficou em 2% em maio sobre o mesmo mês de 2012. Foi mais um soluço positivo do que propriamente uma recuperação sustentada. Os segmentos mais dinâmicos - bens duráveis de consumo e maquinas e equipamentos - não têm dado a contribuição que deles normalmente se espera numa retomada vigorosa. Há uma conjugação de novos fatores atuando para frear a recuperação. Além do ambiente político carregado, a sinalização de juros em alta e a pressão vinda dos custos de produção industrial se conjugam para deter o ritmo de compras à indústria. Embora o câmbio tenha potencial de melhorar a rentabilidade das exportações industriais, essa reação leva tempo e não afetará o desempenho de 2013.

O novo e mais importante fator a ser ponderado na demanda interna é o comportamento do consumidor, que vinha numa euforia permanente até os primeiros meses deste ano mas inverteu seu apetite de modo drástico em alguns segmentos, como se noticia no mercado de motos, por exemplo. As vendas caíram quase 12% neste primeiro semestre. O mercado de trabalho já começa a ser afetado e repercutirá nas vendas de shoppings e supermercados no segundo semestre. O risco de crédito dos financiamentos volta à cena como ingrediente importante na decisão de conceder financiamentos da indústria e comércio.

Ed.220