Por Thiago Custódio Biscuola, da RC Consultores

A indústria brasileira segue a passos lentos em 2013. Segundo o IBGE, a produção industrial estagnou em agosto de 2013 frente ao mês anterior. Quando comparada a igual mês de 2012, tal indicador registrou queda de 1,2%. Esta estabilidade também foi observada regionalmente: dentre as 14 regiões pesquisadas, apenas 7 apresentaram alta, com destaque díspar para o Estado de São Paulo que, apesar de ter registrado crescimento de 0,6% frente a julho de 2013, teve declínio de 3,4% em relação a agosto de 2012, pior resultado contra o mesmo mês do ano anterior desde agosto de 2012.

O desempenho oscilante ao longo deste ano resultou num crescimento acumulado da indústria de apenas 1,5% até agosto. Em 12 meses, este valor é ainda menor, apenas 0,7%. Apesar do movimento de desvalorização do real a partir de abril de 2013, alguns segmentos continuam sofrendo com a concorrência dos importados. O setor de bens intermediários apresenta alta de apenas 0,1% este ano, fruto, sobretudo, da forte presença de insumos importados e pelo fraco dinamismo da indústria. O setor de bens semi e não duráveis também apresenta fragilidade. Acordos comerciais costurados ao longo dos últimos anos (período de forte valorização do Real) levam tempo para serem revertidos, minimizando os efeitos da depreciação cambial. A perda de fôlego do varejo também reforça essa queda do dinamismo. Por último, o setor que registra melhor desempenho este ano, o de bens de capital, pode perder sua principal força motriz. Depois de ver a perspectiva da nota de crédito da dívida soberana do Brasil ser reduzida de positiva para estável pela Moody´s, a equipe do governo estuda reduzir o peso do BNDES na economia, o que deve impactar negativamente a dinâmica do setor. Dado este cenário, a indústria deverá crescer abaixo dos 2,0% neste ano, nem mesmo devolvendo a queda registrada em 2012.

Ed.287