Por Marcel Caparoz / Everton Carneiro, da RC Consultores

O IPCA, índice oficial de inflação, apresentou variação de 0,55% no primeiro mês de 2014, a menor alta para o mês de janeiro desde 2009. Trata-se de uma considerável desaceleração frente a Dezembro de 2013, quando o índice avançou 0,92%. É a primeira vez desde 2007/2008 em que há desaceleração entre dezembro e janeiro. Com isso, o acumulado em 12 meses registra avanço de 5,59%, o menor valor desde Novembro de 2012. O grupo Alimentação e bebidas, que responde por quase um quarto do índice, apresentou a nona queda consecutiva no acumulado em 12 meses, registrando avanço de 7,25% em janeiro, após atingir 14% em Abril de 2013.

Apesar da melhora geral do índice, algumas contas inspiram maior atenção. Habitação, outro grupo de forte impacto no IPCA, encerrou o ano de 2013 com alta de apenas 3,41%, influenciado pelo corte no preço de energia elétrica no início do ano passado. Nos últimos 11 meses o grupo registra alta mensal acima de 0,5%, e se mantido esse padrão no próximo mês, levará o acumulado em 12 meses para um patamar acima dos 7%. Estes dois grupos, Alimentos e Habitação, têm impacto ainda maior na inflação da baixa renda. Para o índice IPC-C1 da FGV, que registra a inflação das famílias entre 1 e 2,5 salários mínimos, os dois grupos acima respondem por 58% do peso total. A alta superior a 7% desses dois importantes grupos impulsionará a inflação da classe mais baixa da população, deteriorando seu poder de compra. O efeito do atual desarranjo hidroelétrico, com impacto no custo da geração de energia no País, mais a estiagem na safra e outros impactos via preço determinarão uma revisão da inflação de 2014 e vão afetar muito as condições eleitorais.

Ed.360