Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O Banco Central chinês deverá injetar US$ 81 bilhões de liquidez nos cinco principais bancos chineses. A medida visa estimular o crescimento. O Banco Popular da China (PBOC) já havia anunciado um empréstimo de liquidez aos bancos a taxas de juros particularmente baixas, com o compromisso das instituições financeiras canalizarem esses fundos para o financiamento da economia.

Essa medida surge junto com a produção industrial em agosto desacelerando, com alta de 6,9%, a menor desde a crise de 2008. Soma-se a este dado a queda de 14% do investimento direto na China em agosto, o menor nível em quatro anos. Essa queda dos investimentos estrangeiros mostra a desconfiança externa na economia chinesa, em meio a uma série de ações antitruste contra multinacionais. A injeção de liquidez evidencia a determinação do governo para apoiar a economia, mesmo com estímulo de base ampla, que pode agravar o endividamento crescente do país. A meta de crescimento do PIB de 7,5% este ano está ameaçada pela crise imobiliária, fraca expansão industrial e investimento em ritmo moderado. Embora continue a crescer mais do que a maioria dos países no mundo, essa desaceleração no crescimento, pela dimensão da economia chinesa, tem impacto em todo mundo. O Brasil, grande fornecedor de commodities para China, deve ser afetado. Sobretudo o setor agroindustrial, que contribuiu enormemente para o saldo das nossas reservas internacionais.