A caderneta de poupança registrou um novo recorde de retirada em abril. De acordo com os dados divulgados pelo Banco Central, este mês foi o pior abril da série histórica (iniciada em 1995), quando os saques superaram os depósitos em R$ 5,850 bilhões. O primeiro quadrimestre do ano também foi o pior desde o início da série, ao acumular um saldo negativo de R$ 29,081 bilhões. Estes sucessivos recordes podem ser explicados por dois fatores principais.

A inflação segue tendência de alta sem nenhum sinal de mudança, pelo contrário. O resultado do IPCA referente a abril foi de 8,17% em 12 meses, mostrando elevação de 0,04 p.p. em relação ao mês anterior. Se não bastasse a alta dos preços, o mercado de trabalho vem desaquecendo. Mais pessoas estão procurando emprego, a taxa de desocupação aumenta, enquanto o crescimento do rendimento real habitual segue em desaceleração. Com o orçamento mais apertado, as famílias recorrem aos recursos da poupança para pagar suas contas mensais.

Outra explicação é a atual política monetária restritiva. Com o aumento da taxa básica de juros, que já atinge 13,25%, a caderneta de poupança perde sua atratividade, uma vez que outros investimentos oferecem uma rentabilidade bem superior.

Os recursos da poupança são o principal lastro para o financiamento imobiliário, e com a queda desse montante, provavelmente haverá uma forte desaceleração dessa categoria de crédito, uma vez que outros meios de captação dos financiadores não crescerão a ponto de atender a demanda. Com a menor expansão desse crédito direcionado, atual pilar da expansão do saldo de crédito total, as projeções para o crescimento do crédito no ano devem ser revisadas.