Por Paulo Rabello de Castro e José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Naquele dia, 1º de julho de 1994, o Brasil começava vida nova, com o compromisso de não inflacionar mais. Dentro desse pacto, não haveria mais preços congelados, ou atrasos nas revisões de preços públicos e indexação diária ou mensal de contratos. Os brasileiros queriam moeda confiável. Nascia o Plano Real, que propunha acabar com a hiperinflação. Há 20 anos, portanto, o Brasil saía de sua difícil era inflacionária, como um dos países de pior, mais longa e resistente inflação. Para as empresas, na inflação alta, significava mais vantagem o repasse dos custos aos preços do que o corte de desperdícios e a busca da eficiência. O mesmo raciocínio valia para o governo, que se financiava com a inflação, sem se preocupar com a gestão pública eficiente.

Ao completar, hoje, 20 anos, a implantação do Real deixou como legado o fim da hiperinflação. A estabilização permitiu avanços. No entanto, o Plano Real, como resposta de desenvolvimento, até hoje não foi concluído. Não conseguimos conjugar alto crescimento, baixa inflação e juros baixos. E a explicação para isso só pode estar no regime de “governo grátis”. Os governos continuaram gastando sem nenhuma cerimônia. E se for para continuar gastando, sem inflar a economia, alguém sempre tem que pagar a conta do “governo grátis”. A Receita Federal arrecada o que for preciso para cobrir o gasto público, do tamanho que for. O Plano Real substituiu a inflação da moeda falsa pela pior inflação, da tributação excessiva. Se o governo grátis não segurar a despesa pública, o investimento privado persistirá em constante contração. Para finalizar o Plano Real lançado há vinte anos precisamos agora, com urgência, implantar um “plano real dos impostos”.