A hipótese de pequena elevação da inadimplência até o final de 2015 ganha cada dia mais força. Desde o início do ano, com a esperada retração econômica e desaceleração do mercado de crédito, as perspectivas sobre a inadimplência não eram das melhores.

De acordo com a Nota de Política Monetária e Creditícia referente a junho, divulgada hoje pelo Banco Central (BC), a inadimplência tem se mostrado estável, permanecendo praticamente no mesmo nível desde o final do ano passado. Como já comentamos no Foco do dia 23/07, este período de inadimplência “controlada” é possivelmente influenciado pela queda da atividade econômica ainda mais intensa que a esperada, fator que repercute em menos concessões de crédito e consecutivamente em uma menor elevação da quantidade de novos registros de inadimplentes.

Independente da relação de causalidade entre concessão de crédito e atividade econômica, se observarmos o setor varejista, considerado um dos mais pujantes da economia nos últimos anos, veremos que sua situação de desaceleração é acompanhada em mesma intensidade pela diminuição do saldo com recursos livres (geralmente mais utilizados no mercado de consumo). O mesmo fenômeno acontece quando o crédito cresce: o varejo também se eleva, um verdadeiro ciclo virtuoso entre as duas variáveis.

No último pico do comércio ao final de 2010 - quando as vendas restritas atingiram 10,9% de crescimento - a expansão do crédito livre também era expressiva, com alta de 16,9%. Após este período, tanto o ritmo do comércio como das operações de crédito foram gradativamente diminuindo, com eventuais repiques, mas com nítida tendência de desaceleração: os dados de junho do BC mostram crescimento do crédito livre de apenas 4,8% para o consumo (descontados os efeitos inflacionários, a variação é de recuo de 3,7%). O comércio, por sua vez, mostra tímidos 0,4% de crescimento, de acordo com os dados também divulgados hoje no indicador de Movimento do Comércio da Boa Vista SCPC para avaliação acumulada em 12 meses.

Tais trajetórias, tanto do crédito como do comércio, deverão ser mantidas. E enquanto alguma das variáveis não der uma guinada positiva e o ciclo virtuoso entre o comércio e o crédito não se reinstituir, ao menos podemos contar com sutis elevações de inadimplência neste ano.