Por Yan Cattani

Quando algum analista de mercado aponta que “a demanda agregada continuará a se apresentar moderada no horizonte relevante para a política monetária”, a interpretação que nos vem à mente é que, diante do atual cenário, nada deverá melhorar em termos de atividade econômica, tampouco piorar.

No entanto, quando esta mesma afirmação parte do principal documento de sinalização econômica do país, a Ata do COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central), o sinal amarelo acende. Não porque o cenário analisado pela autoridade monetária seja fantasioso, ou mesmo que suas projeções sejam otimistas demais, mas é que não faz parte do papel do Banco Central fazer alarde para qualquer tipo de rumo que a economia está tomando. Sua cautela, antes de tudo, deve-se à sinalização emitida e a consequente interpretação dos agentes de mercado.

De fato, no último trimestre de 2015 o principal elemento da demanda agregada, o consumo das famílias, encontrava-se em vertiginosa queda. E para piorar, este cenário parece longe de ser revertido: um dos primeiros dados de atividade econômica, da Pesquisa Mensal do Comércio divulgada pelo IBGE, mostra que o varejo em janeiro continuou intensificando sua queda na avaliação dos resultados acumulados em 12 meses, já atingindo 5,2%.

Por ora, o BC conta com “as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em R$3,95/US$ e da taxa Selic em 14,25% ao ano (a.a.) em todo o horizonte relevante”. Caso ocorra um alívio inflacionário derivado da valorização cambial, em um cenário de retração econômica, a manutenção dos juros em 14,25% torna-se desnecessária, abrindo espaço para uma diminuição da Selic.