Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O governo da Venezuela solicitou à Opep uma reunião de emergência para organizar uma ação para limitar a produção e retomar a cotação do petróleo, que vem caindo continuamente até alcançar ontem seu valor mais baixo em quase quatro anos, cotado abaixo de US$ 88 o barril. No entanto, os países do Oriente Médio recusaram a proposta da Venezuela. Não só recusaram como estão dando descontos nos preços do barril de petróleo para ganhar fatias de mercado. A Arábia Saudita avisou informalmente ao mercado que pode aceitar preço do barril entre US$ 80 e US$ 90. O Kuait está vendendo o barril US$ 0,50 mais barato que o da Arábia Saudita. Irã e Iraque comandam a baixa de preço para clientes na Ásia.

O governo da Venezuela começa a mostrar pânico depois que o preço do barril de seu petróleo caiu US$ 3,17 somente na semana passada. Para alcançar o ponto de equilíbrio fiscal, a Venezuela precisa que o preço de petróleo fique em torno de US$ 121 o barril, segundo estimativa realizada pelo Deutsche Bank. A despeito dos preços muito favoráveis do petróleo até recentemente, a petroleira venezuelana PDVSA, conseguiu o prodígio de produzir menos petróleo, reduzindo a produção em quase 20%. A Venezuela perdeu a oportunidade de se preparar para um patamar mais baixo. A birra de Chávez e seu sucessor Maduro com o setor empresarial também foi desastrosa para os propósitos de aumentar os investimentos na Venezuela. Tudo indica que os próximos anos não serão fáceis para o país. No Brasil a queda do petróleo também não deve passar incólume. A geração de caixa da Petrobras será prejudicada. O pré-sal exigirá enormes quantias de recursos para sua total implantação e exploração. Resta saber se teremos capacidade e, principalmente, tempo para usufruir dos seus sonhados benefícios.