Por Marcel Caparoz, da RC Consultores

Na última sexta feira (25) a Petrobras divulgou o seu resultado do terceiro trimestre de 2013, relatando lucro líquido de R$ 3,4 bilhões, uma queda equivalente a 39% em relação ao mesmo período do ano anterior. Por outro lado, no acumulado dos nove primeiros meses de 2013, o lucro líquido foi 29% superior ao de 2012, com um montante de R$ 17,3 bilhões. O setor de Exploração e Produção (E&P) permanece sendo a maior fonte de lucro da companhia, com R$ 17,6 bilhões no 3º trimestre, assim como o setor de Abastecimento continua sendo a principal fonte de perdas. O prejuízo gerado por este segmento somente no 3º trimestre foi de R$ 8,6 bilhões. No acumulado de 2013 a perda já é da ordem de R$ 18,9 bilhões, superior ao lucro líquido acumulado neste mesmo período.

O tamanho do rombo causado pela atual política de preços dos combustíveis fica cada vez mais evidente nas contas da Petrobras. Este desequilíbrio no segmento de Abastecimento, gerado principalmente em função da defasagem do preço interno em relação ao externo, que em 2013 foi em média de R$ 0,20 por litro, vem minando a capacidade de investimento da companhia, exatamente num momento onde cada vez mais esforços são necessários. Uma nova política de preços que contemplasse ajustes automáticos e periódicos dos combustíveis traria mais transparência e previsibilidade aos resultados operacionais e financeiros da Petrobras. O mercado reagiu positivamente à declaração do diretor financeiro, Almir Barbassa, sobre essa possibilidade, com alta de 9,8% nos papéis ON da empresa na segunda-feira. No entanto, a pressão adicional gerada por esta medida sobre a inflação resultará numa resistência por parte do Governo quanto ao tempo e o ritmo da sua aplicação. A RC Consultores estima uma alta de 5,9% do IPCA para 2014. Embora positiva, tal medida não deverá ser implementada no curto prazo.

Ed.302