Por Paulo Rabello de Castro / José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O governo da Espanha anunciou que vai adiar os esforços para reduzir o déficit fiscal abaixo de 3% do PIB para 2016. A Espanha não está sozinha. Das cinco maiores economias da zona do euro, quatro adotaram posições contra a austeridade: França, Itália, Holanda e Espanha. Depois de três anos de hegemonia no discurso a favor das políticas de austeridade, a Alemanha começa a se isolar. A austeridade fiscal perde força na zona do euro.

O argumento contra a austeridade tem tido apoio até do FMI, suposto bastião da ortodoxia conservadora em matéria fiscal. O clamor geral agora é por mais gastos. O risco dessa inversão no princípio de compromisso com uma meta de reequilíbrio fiscal é a política econômica ficar sem qualquer âncora teórica. O limite de endividamento para uma nação é a soma do que gastam a sociedade e o Estado. Os novos austeros gastadores não fazem essa conta. Saem detonando o princípio da austeridade genericamente, no que arriscam destruir um conceito longamente sedimentado nas sociedades contemporâneas.

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