Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Desta vez é a crise política em Portugal, cujo governo de Passos Coelho já vinha mostrando sinais de esgotamento na sua base de apoio. Após a renúncia de dois ministros fundamentais, Paulo Portas e Victor Gaspar, a bolsa de Lisboa caía 5% na sessão de hoje, depois de abrir em queda ainda maior. Os títulos de Portugal despencaram com a elevação do juro a mais de 7%, nível mais alto desde 2009. A China também deu sua quota de contribuição para o nervosismo dos investidores no mundo ao proibir jornais locais de divulgarem a situação de falta de liquidez nos bancos do país.

Após a forte queda de ontem, com nova alta do dólar, o mercado no Brasil tem chance de recuar mais. A piora na perspectiva chinesa tem influência mais grave e permanente sobre as empresas brasileiras. O ciclo favorável de commodities chega ao fim dramaticamente, impondo ao País uma urgente revisão de sua política passiva frente ao comércio exterior. As cotações na Bolsa paulista certamente refletirão esse mal estar nas próximas semanas. O câmbio, pressionado, será um espelho da tendência baixista nas bolsas. Para além dos fatores de crise imediata, a preocupação no Brasil será com a desaceleração do ritmo do consumo.

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