Por Everton Carneiro e Thiago Custódio Biscuola, da RC Consultores

A produção industrial ficou estagnada em outubro em relação ao mês anterior, segundo dados divulgados pelo IBGE na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física. Na comparação com outubro de 2013, a PIM-PF mostra retração de 3,6%. Nos primeiros dez meses do ano, a indústria já acumula queda de 3%. Os setores mais afetados são os fabricantes dos chamados itens “tradables”, aqueles em que a produção doméstica compete com os importados. A indústria têxtil apresenta queda de 5,8% este ano, a de metalurgia, 6,6%, e o segmento de máquinas, aparelhos e material elétrico, 7,7%.

A falta de competitividade da indústria brasileira já se reflete em nossa Balança Comercial. Em novembro, houve déficit recorde para o mês, de R$ 2,35 bi. Neste ano, as exportações de itens manufaturados retraíram 12,8% em relação ao ano passado. O que ainda permite algum fôlego à Balança Comercial brasileira são os itens básicos de nossa pauta de exportação que, embora também tenham perdido espaço, recuaram apenas 2,2%. A produção de petróleo e a safra agrícola foram recordes, mas os preços não acompanharam esta evolução. Ao contrário, o preço do petróleo caiu cerca de 33% este ano, a soja, 23%, e o milho, 11%. O minério de ferro, principal item individual da pauta de exportação brasileira, registra queda de 48%. Com o fim do programa de estímulos dos EUA, este baixo patamar de preços que vemos agora tende a ser o novo normal. A recuperação da indústria é um caminho necessário para que a Balança Comercial retome os superávits vistos na última década.