Por Marcel Caparoz, da RC Consultores

Nos últimos dias ganhou força o cenário de uma redução da presença dos bancos públicos no mercado brasileiro de crédito. Em agosto de 2013, o estoque de crédito dos bancos públicos já era maior que o dos privados, com a quantia total de R$ 1,31 tri, enquanto dos privados somava R$ 1,27 tri. O estoque de crédito com recursos direcionados (Imobiliário e BNDES), que apresentam forte presença de bancos públicos, crescia em agosto de 2011 o equivalente a 21% a.a., enquanto que os recursos livres registrava alta de 18%. Hoje, após dois anos, os recursos livres recuaram para um crescimento de 8,8%, enquanto os direcionados avançaram para uma taxa de 27%.

No período pós-crise, o crescimento das linhas de crédito com recursos públicos foram fundamentais para preencher o espaço deixado pelos bancos privados, que cortaram drasticamente as concessões neste período. No entanto, a agressividade dos bancos públicos acabou gerando uma demanda que não existia no mercado, em função do alongamento dos prazos e da redução das taxas de juros muito além da média do mercado. Este vazio que será criado agora com o recuo dos bancos públicos não deverá ser preenchido pelos bancos privados, o que implicará na redução das concessões para grupos de maior risco de crédito, principalmente aqueles voltados para o consumo da nova classe C. O varejo que já demonstra perda de dinamismo, deverá sofrer ainda mais em 2014.

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