Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

A balança comercial brasileira registrou em maio um superávit de US$ 712 milhões. Embora o resultado tenha sido melhor do que o esperado pelo mercado e o melhor resultado mensal deste ano, foi o pior para meses de maio em 12 anos. Neste ano, a balança comercial registra déficit de US$ 4,8 bilhões. As vendas ao exterior de produtos semifaturados, como alumínio e celulose, caíram 9,8% e produtos manufaturados, como carro e papel, recuaram 8% nos cinco primeiros meses do ano. Produtos básicos, como soja em grãos e minérios, subiram 2,9% no período. Do lado das importações, bens de capital recuaram 2,3%, bens de consumo tiveram aumento de 1,9% e o principal destaque, combustíveis e lubrificantes, caíram 14,5% no acumulado do ano. Só em maio a queda de importação de combustíveis e lubrificantes foi de 22,8%.

O que ajuda a explicar o resultado melhor do que o esperado foi a surpresa com a queda acentuada de importação de combustíveis e lubrificantes. É um recuo surpreendente dado que o consumo segue no mesmo ritmo e a produção interna ainda não atingiu as expectativas. O resultado da balança comercial neste período reflete a baixa taxa de crescimento da economia e a queda da demanda. No ano, a balança comercial deve ser ligeiramente melhor que em 2013. A partir de junho haverá efeito menor da base de comparação em petróleo e derivados. A exportação de automóveis e autopeças, cujo resultado em maio em relação ao mesmo mês de 2013 foi um recuo de 37,1% e 29,3% respectivamente, não deve reagir. Além disso, embora o minério de ferro, principal item na pauta de exportação, tenha aumentado o volume exportado, o preço médio recuou de US$ 108,6/ton em maio de 2013 para US$ 84,5/ton no último mês, uma queda de 22,2%. Tendência que deve permanecer nos próximos meses.