Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Não bastasse a redução no suprimento de água existente nos reservatórios do sistema elétrico brasileiro, o governo também contribuiu para aumentar a incerteza sobre o abastecimento futuro de energia ao editar de modo não negociado com o setor a MP 579, que regula de forma punitiva a rentabilidade esperada a partir das regras emanadas das novas concessões. O governo pôs o setor contra a parede ao definir um prazo curto para as empresas aceitarem a renovação da concessão nos novos termos ou sair do negócio. O preço das ações do setor na bolsa, antes enxergado como uma opção de menor risco e fluxo de dividendos estável, sofreu um baque terrível, fechando com variação acumulada este ano em um negativo de quase 18%. Eletrobras  é uma ação com queda de 50%.

Para um país que precisa convencer empresas a investirem, mudando a ênfase do nosso modelo de crescimento, que até hoje mais favorece o consumo, as agruras do setor elétrico representam aumento da insegurança regulatória vivida pelos que atuam na área de geração de energia. E não só. A natureza parece não ajudar a quem não merece: os reservatórios do sistema entram em 2013 com preocupante déficit, que não chega a apontar racionamento, mas já obriga o governo a acionar a geração de energia cara, de origem térmica, cuja conta terá de ser repassada aos consumidores no próximo reajuste tarifário, tudo que o governo mais quer evitar neste momento em que anuncia preços mais baixos para o futuro próximo. Hora de parar e tentar rever toda a atual abordagem do governo para o setor elétrico.

 Ed.76