Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Em relatório divulgado ontem, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) manteve sua estimativa para a colheita americana de soja em 89,5 milhões de toneladas, 8,4% superior ao da safra 2012/13. O mesmo relatório estimou a produção brasileira em 90 milhões de toneladas, volume superior em 10% ao da safra passada. O USDA prevê que as exportações brasileiras desse produto serão de 45 milhões de toneladas em 2013/14, 7,4% a mais que em 2012/13, contra 41 milhões de toneladas dos EUA. As projeções do USDA para a China indicam que o país asiático deverá importar 69 milhões de toneladas, 10 milhões a mais que no ano anterior.

A supremacia brasileira na soja, como de resto no agronegócio, poderia ser maior. As dificuldades que a economia mundial enfrenta poderia ser uma justificativa para o mau desempenho das exportações. Mas não. A queda pouco tem a ver com a crise ao se comparar as exportações brasileiras com as importações dos principais mercados. A China, principal comprador de produtos brasileiros, está importando em torno de 8,4% mais do resto do mundo, mas as exportações brasileiras diminuíram 0,2% em 2013. Se, por um lado, as relações comerciais do Brasil com os principais parceiros não têm merecido a devida atenção do governo brasileiro, a falta de competitividade dos produtos brasileiros, com a alta carga tributária e infraestrutura deficiente, tem ajudado concorrentes a tomar mercado que era do Brasil. No setor de transporte ferroviário, por exemplo, as concessões incluídas no pacote de logística em 2012 deverão ser licitadas somente este ano. Nas rodovias, o Dnit acumula 12% de obras paradas. Não por acaso o Brasil aparece em 52º lugar em um ranking de produtividade em infraestrutura da The Economist comparando 82 países.

Ed.362