Após um ano e sete meses, o Banco Central (BC) finalmente extinguiu seu programa de oferta diária de swap cambial. Houve bastante tempestividade sobre o anúncio, uma vez que ocorreu pouco tempo após a Standard & Poor’s ter classificado como estável o risco de investimentos no Brasil. Apesar de artificialmente valorizar o real, as operações garantiam maior liquidez de dólares na economia brasileira, fazendo com que sua cotação não oscilasse de forma brusca e atenuando indiretamente os efeitos imediatos do câmbio sobre a inflação.

Os chamados contratos de swap cambial são derivativos financeiros que dão ao mercado uma garantia de que o BC no futuro cobrirá a necessidade de dólares do mercado, algo que por sua vez faz com que os agentes não antecipem suas intenções de compra, baixando os preços da moeda no mercado à vista. Outro efeito importante é que não há “queima” das suas reservas internacionais no presente, importantes para garantia de pagamentos internacionais, avaliação do risco-país, entre outros fatores.

Para o curto e médio prazo, a autoridade monetária garantiu ainda uma última rolagem dos contratos vincendos. Já para o longo prazo - período em que poderá realizar a entrega da moeda estrangeira, caso não haja nova renovação de contratos - o Banco Central também garante o cumprimento dos contratos, mesmo deixando considerável estoque de contratos nas mãos do mercado, atualmente com valores próximos US$ 114 bilhões (ou 30% das reservas internacionais).

Em suma, dois efeitos podem ser esperados. O primeiro é que para este ano podemos contar com mais uma fonte de desvalorização do real frente ao dólar. Em segundo, a economia sofrerá os efeitos deletérios dos aumentos dos produtos importados, pressionando a já bastante pressionada inflação.