O consumidor está menos endividado. Esta é a constatação da Pesquisa do Perfil do Inadimplente realizada pela Boa Vista Serviços, com 1.110 consumidores no atendimento do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), na capital paulista, entre os dias 2 e 10 de dezembro de 2013. Esta mesma pesquisa mostra que a porcentagem dos que se declaram sem dívidas atingiu o nível recorde de 32%, o dobro do levantamento anterior.

Para 35% dos entrevistados, estas dívidas permaneceram estáveis e para 33% houve diminuição. Manteve-se em 47% a proporção de inadimplentes que julgam sua situação financeira sendo melhor que no ano anterior. A proporção dos que afirmam que a situação está pior aumentou, passando de 13% para 19%. Já a porcentagem dos que acredita que a situação financeira será melhor em 2014 atingiu 90%, ante 85% em setembro de 2013.

Pagamento das dívidas e nível do endividamento

A pesquisa da Boa Vista Serviços também identificou que 100% dos inadimplentes entrevistados pretendem pagar suas dívidas, total ou parcialmente, pelo segundo trimestre consecutivo. Desse total, 42% acreditam pagar à vista e 58% de maneira parcelada. Destes que esperam negociar as parcelas, 68% pretendem pagar nos próximos 30 dias, 16% entre 30 e 90 dias, e 16% pretendem negociar prazos superiores a 90 dias.

Quando questionados sobre o nível de endividamento e o comprometimento da renda de suas famílias com o pagamento das dívidas, 19% se declaram muito endividados, 24% acreditam estar mais ou menos endividados e 26% pouco endividados. E a parcela de pessoas que não tem outra dívida dobrou, passando de 16% para 32%.

Quanto ao comprometimento de renda, 19% declaram que mais da metade da renda familiar mensal está comprometida com o pagamento de dívidas. Esse número era de 16% em setembro de 2013. Para 50% dos consumidores a renda está comprometida em até 25% para quitação de dívidas; e para 31% a renda familiar está comprometida entre 25% e 50%.

Meios de pagamento e causas da inadimplência

Pela segunda vez consecutiva, o pagamento com carnê e boleto liderou a forma de pagamento que causou a restrição, para 31% dos consumidores entrevistados. Em seguida, há restrições com cartão de crédito (25%), cheques sem fundos (16%), empréstimo pessoal (14%), cartão de loja (7%) e cheque especial (7%).

Nas faixas de renda familiar de até 10 salários mínimos, a porcentagem de consumidores que declaram o carnê/boleto como causador da restrição atingiu 31%, e nas faixas acima de 10 salários mínimos foi de 29%.

A aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos foi mais citada como causadora da inadimplência, atingindo 21% dos entrevistados. Para 18%, as dívidas não pagas originaram-se da compra de vestuário e calçados, 17% citaram a alimentação como gerador das dívidas e outros 17% mencionaram o não pagamento de contas com concessionárias públicas.

Para a faixa de renda acima de 10 salários mínimos, os pagamentos de contas de outros bens e/ou serviços foram os que ocasionaram a dívida para 22%; na faixa de até 3 salários mínimos foram os gastos com itens de vestuário e calçados (21%), enquanto na faixa entre 3 e 10 salários mínimos foram as aquisições de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos (22%).

O percentual de entrevistados com até quatro contas ou mais aumentou de 18% para 22% no 4º trimestre de 2013, segundo a pesquisa. Em contrapartida, os participantes que declararam possuir duas ou três contas reduziram de 34% para 30%, enquanto que o percentual que possui apenas uma conta manteve-se inalterado (48%). A maioria (51%) das dívidas não pagas está abaixo de R$ 1.000; mas 17% possuem dívidas abertas acima de R$ 5.000,00, 15% entre R$ 1.000 e R$ 2.000 e 17% entre R$ 2.000 e R$ 5.000.

Desemprego versus inadimplência

Recuou para 34% a parcela de inadimplentes que citaram o desemprego como a maior causa da inadimplência. A declaração de que o desemprego foi o responsável pela inadimplência reduziu três pontos percentuais em relação à pesquisa do 3º trimestre de 2013, tornando-se o menor percentual da série histórica.

O descontrole financeiro como motivo da inadimplência permaneceu em 26% no 4º trimestre de 2013. Em terceiro lugar, 13% dos entrevistados declararam empréstimo de nome a terceiros como causa da restrição. Mesmo após recuo, o desemprego continuou como a causa preponderante nas faixas de renda familiar de até 3 salários mínimos (43%).

Para as faixas acima de 10 salários mínimos, o descontrole financeiro permaneceu como o motivo da incapacidade de pagamento com 30%, e voltou a ser o causador da restrição para as faixas de 3 a 10 salários mínimos (31%), segundo afirmação dos entrevistados.

Nota metodológica

A Pesquisa do Perfil do Inadimplente é realizada pela Boa Vista Serviços, administradora do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), sendo quantitativa e aplicada trimestralmente com consumidores que buscaram orientação no balcão do SCPC. As entrevistas foram feitas presencialmente de 2 a 10 de dezembro de 2013, com cerca de 1.110 consumidores. Os resultados devem ser lidos considerando-se 95% de grau de confiança e margem de erro de cerca de 3%.