O crescimento dos empréstimos para as pessoas físicas, principal vetor da recuperação do mercado de crédito a partir de 2016, vem apresentando estabilidade ao longo de 2018, apesar da deterioração do cenário econômico.

As estatísticas de crédito de agosto, divulgadas hoje pelo Banco Central, reforçam essa tendência, que também já vinha sendo apontada pelo Indicador de Demanda por Crédito do Consumidor calculado pela Boa Vista SCPC, conforme é possível observar no gráfico 1, abaixo.

Fonte: Boa Vista SCPC

Os economistas da Boa Vista SCPC, porém, alertam que, apesar da redução da inadimplência e das taxas médias de juros – que favorecem a oferta de crédito –, a lenta retomada da economia e do mercado de trabalho, somados ao elevado nível de incerteza decorrente da disputa presidencial, tendem a comprometer uma expansão mais acelerada do financiamento ao consumo.

Afinal, diante de um elevado grau de incerteza, consumidores tendem a adiar decisões que envolvam endividamento, o que já está se refletindo, inclusive, nas vendas do varejo. Como evidência, os economistas apontam a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, segundo o qual as vendas dos setores de móveis, eletrodomésticos, vestuário e calçados, mais dependentes do crédito, registram queda em 2018, após alta observada no ano passado.

Entre as principais modalidades de crédito com recursos livres para pessoas físicas, destaque para as concessões de crédito consignado, que cresceram 26% em relação a agosto de 2017, puxadas pelos empréstimos a servidores públicos (alta de 28,3% na mesma comparação). Chama atenção também o crescimento interanual de 21% das concessões de crédito para aquisição de veículos.

Outra boa notícia é que, nas linhas emergenciais, como cheque especial e rotativo do cartão de crédito, cujas taxas de juros são mais elevadas, as concessões seguem registrando crescimento bem inferior ao das demais linhas (1,2% no cheque especial e 6,8% no rotativo).

A inadimplência, por sua vez, passou de 5,7% em agosto de 2017 para 5% em agosto de 2018, reflexo, principalmente, da ligeira melhora do mercado de trabalho observada no período. Na comparação com julho, quando registrou 5%, ela ficou estável.

Queda da inadimplência das pessoas jurídicas

No caso das pessoas jurídicas, o grande destaque foi a continuidade da queda da inadimplência da carteira com recursos livres, que passou de 5,5% em agosto de 2017 para 3,3% em agosto de 2018, firmando-se, com isso, no patamar registrado até 2014, antes da crise recente.

A queda da inadimplência no segmento tem favorecido a expansão das concessões de empréstimos com recursos livres, que voltaram a registrar expressivo crescimento em agosto (11,9% na comparação interanual).

Entre as principais modalidades, destaque para os crescimentos das concessões de antecipação de fatura de cartão (99,1%), aquisição de veículos (76,5%) e desconto de duplicatas e de recebíveis (40,2%).