O consumidor inadimplente está pessimista com sua atual situação financeira e pouco animado em relação ao futuro, além de se mostrar menos propenso a consumir depois de saldar seus compromissos. As constatações são da Pesquisa Perfil do Inadimplente, de abrangência nacional, realizada pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Credito) com mais de 1 mil inadimplentes.

O levantamento apontou aumento expressivo dos entrevistados que consideram pior a situação financeira no trimestre: o percentual passou de 20% no 2º trimestre do ano para 28% no 3º trimestre, enquanto 20% afirmaram que a situação está melhor ante 24% que declararam isso no trimestre anterior.

Além da piora na percepção atual, é preocupante a redução dos entrevistados que acreditam que a situação vai melhorar nos próximos 12 meses. Apenas 70% esperam por isso ante os 93% entrevistados que esperavam melhoras no 3º trimestre de 2014. 30% esperam que a situação financeira piore ou mantenha-se estável.

O estudo da Boa Vista SCPC revela queda na intenção dos consumidores em realizar novas compras, após quitarem as dívidas: apenas 15% pretendem realizar novas compras depois de saldar seus compromissos – redução de 6 pontos percentuais em comparação com a pesquisa anterior - e 85% não pretendem realizar novas compras.

Meios de pagamento e causas da inadimplência

O desemprego continua na liderança dos motivos que impossibilitaram o pagamento das dívidas, segundo revela a pesquisa da Boa Vista SCPC. No 3º trimestre de 2015, o desemprego foi citado por 35% dos entrevistados ante 31% no trimestre anterior. O segundo motivo foi o descontrole financeiro, com 29%.

Ao longo da série histórica, o desemprego se manteve como principal motivo das restrições dos inadimplentes, mesmo com as sucessivas reduções da taxa de desemprego nos últimos anos. Com a atual deterioração do mercado de trabalho, são esperados ganhos percentuais deste motivo nas próximas pesquisas.

A aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos gerou a inadimplência para 24% dos entrevistados, seguido por alimentação (18%) e aquisição de vestuário e calçados (17%).

A forma de pagamento utilizada na compra que gerou a inadimplência foi o cartão de crédito para 30% dos entrevistados, seguida por carnê/boleto (28%), cheque (15%), empréstimo pessoal (12%), cartão da loja (9%) e cheque especial (6%). Quanto ao valor das dívidas, 29% dos consumidores disseram que a soma das dívidas em atraso é de até R$ 500, enquanto 38% têm entre R$ 500,01 e R$ 2.000 e 33% devem acima de R$ 2.000.

Condições de quitação e endividamento do consumidor

A maioria dos entrevistados (77%) declarou possuir condições de pagar as dívidas vencidas e que geraram a restrição, 15% têm condição de pagar parte da dívida e 8% não têm condições de pagar. Dos que vão pagar totalmente, 67% irão regularizar a dívida de forma parcelada, dos quais 66% irão regularizar nos próximos 30 dias.

Quando perguntados sobre o nível de endividamento, 36% dos entrevistados se declararam pouco endividados, 28% muito endividados e 36% mais ou menos endividados.

A renda familiar dos consumidores está comprometida até 25% com o pagamento de dívidas para 40% dos entrevistados, de 25% a 50% para 38% dos consumidores, e acima de 50% de comprometimento para 22% dos pesquisados.

Intenção de compra

A pesquisa da Boa Vista SCPC revela queda na intenção dos consumidores em realizarem novas compras, após quitarem as dívidas. Diante de uma fraca atividade econômica, em que a queda do consumo das famílias muito influencia, espera-se por mais piora do cenário.

Após reabilitar o nome, os consumidores pretendem comprar, em primeiro lugar, um veículo (42%), seguido por um imóvel (16%) e material de construção (11%).

Nota metodológica

A Pesquisa do Perfil do Inadimplente é realizada pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Quantitativa, é aplicada trimestralmente com consumidores inadimplentes, que possuem alguma dívida vencida e não paga registrada no banco de dados da Boa Vista SCPC, que buscaram orientação no balcão de atendimento ao consumidor. As entrevistas foram realizadas presencialmente de 25 de agosto a 02 de setembro de 2015, com 1.006 consumidores.

A pesquisa na íntegra está disponível em aqui.