Depois de décadas de espera, finalmente experimentamos condições favoráveis do mercado tais como a queda do desemprego, o aumento do rendimento real, a queda das taxas de juros, a ampliação dos prazos de empréstimos e o crescimento da confiança do consumidor que incentivaram a expansão do crédito, em especial para novos consumidores. A relação crédito/PIB, por exemplo, dobrou passando de 24% em 2003 para 49% em 2011. Essa expansão foi muito significativa para as famílias, permitindo e sustentando o aquecimento do consumo. Isto levou 35 milhões de pessoas a terem acesso ao crédito pela primeira vez nos últimos cinco anos.

Diante dessa realidade alguns pontos de atenção têm ocupado os analistas, como o crescimento da inadimplência, o maior endividamento e comprometimento da renda das famílias e o aumento do risco nas operações de crédito. Demonstração disso é o aumento expressivo da inadimplência em financiamento de veículos, modalidade de crédito cujas concessões cresceram 80% de 2009 para 2010.

Com o crescimento do risco e da inadimplência os concedentes de crédito precisam encontrar um novo equilíbrio entre risco e retorno, algo que passa obrigatoriamente por uma revisão dos seus modelos preditivos. Nesse contexto, ganha importância o papel dos bureaus de crédito como fornecedores de dados e plataformas de decisão, contribuindo, em especial, para os esforços de diminuição da assimetria de informação.

Essa assimetria é ainda mais evidente em relação aos novos consumidores de crédito, já que nesses casos a informação sobre eles é incipiente. Um levantamento da Boa Vista ilustra essa condição ao apontar que a inadimplência dos novos consumidores é, em média, 20% maior do que dos consumidores já habituados com o uso do crédito. A solução para equacionar tal desafio está apresentada ao mercado: o Cadastro Positivo, que melhora a capacidade de avaliação do risco ao incorporar o histórico de pagamento do consumidor, ao mesmo tempo em que cria incentivos para que o consumidor assuma papel ativo na definição do seu próprio "score" de crédito.

Na Boa Vista, denominamos Consumidor Positivo aquele que entende a relação entre o seu comportamento de consumo e as condições de crédito que lhe serão oferecidas.

A chave para isso é o desenvolvimento do que na Boa Vista chamamos de um "ecossistema de crédito sustentável". Nesse modelo, consumidores e empresas estão do mesmo lado em busca de um melhor equilíbrio entre as diversas faces dessa complexa equação tão importante para a garantia do crescimento econômico. Cada uma das partes tem uma missão específica. As empresas devem intensificar e aprimorar o uso de ferramentas de análise para decisão, participando da incorporação de dados positivos na cadeia de crédito e colaborando para o processo de educação financeira do consumidor. Este, por sua vez, deve ser o protagonista da sua história financeira, assumindo a responsabilidade pelo uso do crédito e, assim, usá-lo bem e sempre.

A tendência é que o Cadastro Positivo reduza as distorções inerentes à falta de informação e permita que o crédito no país continue se ampliando e criando espaço para mais reduções no custo dos empréstimos. De acordo com a segunda Pesquisa Nacional sobre Cadastro Positivo que a Boa Vista patrocinou e disponibiliza no site www.boavistaservicos.com.br a informação mais importante e relevante é justamente a manutenção da expectativa favorável da população brasileira a esta iniciativa, com 50% de aceitação – com expressivos níveis de propensão a autorizar a inclusão no Cadastro Positivo, chegando a 81% para a população bancarizada e a 72% para a não bancarizada.

A falta de conhecimento sobre o Cadastro Positivo ainda é o principal motivo para o receio da autorização do consumidor final, segundo 68% da população. Mas está claro que o Cadastro Positivo permite às pessoas e às empresas acesso ao crédito qualificado, protege os fornecedores da inadimplência ou da perda de oportunidade de venda, alavancando o crescimento da economia.

*Dorival Dourado Jr é presidente e CEO da Boa Vista Serviços