Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Ben Bernanke, presidente do FED, banco central americano, na reunião anual da instituição ocorrida em Jackson Hole, sexta-feira passada, deixou claro que prepara mais uma rodada de afrouxamento monetário, a terceira de uma série, cujo valor de emissões atinge, por enquanto, US$2,3 trilhões, desde 2008. Bernanke considera que tais medidas de redução da intensidade da recessão americana evitaram um recuo de dois milhões de empregos, sobre os milhões de desligamentos que ocorreram no período.

A terceira rodada, chamada de QE 3, ou Quantitative Easing 3, consiste na compra de bilhões de dólares em títulos de longo prazo do Tesouro americano, de modo a manter as taxas de juros muito baixas e assim tentar estimular empregos e investimentos. Bernanke acredita que o problema americano é mais cíclico do que estrutural. E não quer esperar as eleições e a virada do ano para 2013, quando entrarão em vigor medidas fiscais de mais aperto, com esperado efeito de estrangular a pouca expansão que ainda ocorre.  Os mercados já reagiram. Tipicamente, o ouro e o petróleo sobem de preço, as bolsas comemoram com altas e os preços de commodities agrícolas e minerais reagem. Contudo, os fundamentos das economias, especialmente de China e Índia este ano, apontam na direção oposta: desaquecimento. As boas intenções de Bernanke para a reunião do FED de setembro podem não vingar.

Ed.20