O varejo restrito subiu 0,6% em fevereiro na comparação mensal dos dados dessazonalizados, depois de recuar 0,2% em janeiro, mas caiu 3,8% na comparação interanual de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE. Como analisam os economistas da Boa Vista, a queda no ano desacelerou a curva de longo prazo, que passou de 1,0% para 0,4% em 12 meses acumulados. Destaque ao segmento de “Combustíveis e lubrificantes”, que caminhou no sentido oposto ao varejo no mês ao registrar queda de 0,4%. No ano, este segmento aponta queda de 9,1%, pressionado pela alta no preço dos combustíveis, enquanto o varejo como um todo caiu 2,1%. Por outro lado, “Móveis e Eletrodomésticos” lideraram a alta com crescimento de 9,3% no mês, mas caem 2,5% no ano.

O resultado não foi uma surpresa e já havia sido antecipado pelo indicador de Movimento do Comércio da Boa Vista, além disso, o cenário hoje é substancialmente pior em relação ao mesmo período do ano anterior, apesar do crescimento mensal.

Em fevereiro de 2020, o Índice de Confiança do Comércio era 8,7% maior e o Índice de Confiança do Consumidor 12,6%. O crescimento de 14,6% na concessão de recursos livres às famílias foi revertido em queda de 4,4% na variação acumulada em 12 meses e a taxa de desemprego era de 11,6%, certamente inferior ao dado que será divulgado pelo IBGE referente ao mês de fevereiro de 2021. Outro fator de suma importância tem sido o aumento no nível médio de preços entre os períodos. A inflação, acumulada em 12 meses, medida pelo IBGE passou de 4,00% para 5,20%. Não obstante, o mesmo tipo de índice, calculado pela FGV (o IGP-M), passou de 6,84% para 28,94%.

Em resumo, o poder de compra do consumidor, descontado da contribuição do auxílio emergencial pago entre os meses de julho e dezembro de 2020, se deteriorou em função da inflação, do desemprego, do crédito mais escasso e da falta de confiança.

Por fim, na opinião dos economistas da Boa Vista, o resultado da pesquisa atual é apenas um presságio daquilo que está por vir. No mês de março, os índices de inflação subiram ainda mais, a atividade varejista foi muito impactada pelas medidas de isolamento social mais severas e os indicadores de confiança desabaram. A primeira vez em que este cenário foi observado, em abril de 2020, a PMC registrou queda de 17,1% na comparação mensal dos dados dessazonalizados, a maior desde o início da série histórica. As expectativas para os meses de março e abril de 2021 não são muito diferentes das do ano passado.