Dados divulgados hoje pelo IBGE revelam que a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) recuou 9,1% em março, na comparação mensal ajustada sazonalmente, já influenciada pelas medidas restritivas ao Covid-19 e suas implicações econômicas.

Já referente ao acumulado dos últimos doze meses, a atividade industrial recuou 1%. No acumulado de 2020, o setor também registrou queda de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo a análise mensal dessazonalizada, a indústria de transformação apontou recuo de 9,9% e a Extrativa Mineral de 1,6%, em comparação com fevereiro.

Dentre os ramos industriais houve contração da atividade em 23 dos 26 pesquisados, sendo que as principais influências negativas ocorreram em: veículos automotores, reboques e carrocerias (-28%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-37,8%), de bebidas (-19,4%), de couro, artigos para viagem e calçados (-31,5%) e de móveis (-27,2). Por outro lado, os resultados positivos ocorreram em  impressão e reprodução de gravações (8,4%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (0,7%) e de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (0,3%).

Dentre as grandes categorias, em março, todas elas apresentaram queda no mês. O grupo de Bens de Consumo recuou 14,5%, Bens Duráveis (-23,5%) e Semi e Não-duráveis (-12%). Os grupos de Bens Intermediários e de Bens de Capital recuaram 3,8% e 15,2%, respectivamente.

O desempenho da indústria em março interrompe o segundo mês de crescimento em 2020 já influenciado pelas medidas restritivas ao Covid-19 e suas implicações econômicas e sociais, entretanto ainda contribuiu para acelerar a recuperação da atividade na análise de 12 meses. Os impactos da pandemia e as medidas de isolamento social já são expressivos na produção industrial, os setores que mais estão sendo influenciados negativamente são os de vestuário em geral, automóveis e móveis,  estes que são considerados menos importantes no consumo das famílias em momentos de crise e os primeiros a serem cortados dadas as prioridades dos consumidores. A recuperação do setor nos próximos meses ainda é incerta, está em função da retração da pandemia em geral e  o legado de longo prazo que o coronavírus deixará, como a alta do desemprego e a queda da renda. Segundo as projeções reunidas no relatório Focus, na primeira semana de março, esperava-se que a produção industrial apontasse crescimento de 2,4% para 2020, atualmente a projeção de crescimento já aponta retração de 2,75% para o ano.