O número de registros de inadimplentes subiu 0,2% em fevereiro contra o mês anterior, segundo dados dessazonalizados da Boa Vista, que abrangem todo território nacional. A variação na comparação mensal foi mais tímida em comparação aos últimos resultados, mas também contribuiu para que o indicador apontasse alta de 6,1% no trimestre móvel encerrado em fevereiro, contra o trimestre móvel imediatamente anterior, também na série livre dos efeitos sazonais. 

Na série de dados originais foi verificado, novamente, forte avanço na comparação interanual, de 25,8%, fechando o primeiro bimestre com elevação de 26,8%. Em 12 meses acumulados a curva de longo prazo se manteve numa tendência de crescimento acelerado, passando de 20,8% para 21,0% entre janeiro e fevereiro. A inclinação dessa curva parece estar se aproximando de alguma estabilização, condizente com a expectativa de alta para o ano numa magnitude menor àquela observada ao final de 2022, de 19,9%. 

“Nos últimos 12 meses o indicador só recuou em junho de 2022, de forma pontual, como aconteceu com a taxa de inadimplência naquele período. O indicador apontou a oitava alta consecutiva na comparação mensal, mas a magnitude dela merece um destaque especial, foi a menor delas nos últimos 12 meses. Também merece destaque a curva de longo prazo do indicador, pois mesmo em ritmo acelerado, ela está se acomodando. As famílias têm enfrentado grandes desafios para manter as contas em dia, a renda delas foi muito impactada pela inflação e ainda não se recuperou totalmente, embora esteja caminhando para isso. A projeção que temos continua sendo de crescimento no número de registros em 2023, menor do que se viu em 2022. É importante ressaltar que o ritmo esperado de desaceleração dessa alta também pode mudar dependendo de como o ‘Desenrola’ avançar”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.

inadimplentes</p>
                    <p>

inadimplentes

Recuperação de Crédito do Consumidor

Já o Indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista avançou 1,5% na comparação mensal, encerrando o trimestre móvel com elevação de 2,5%, de acordo com dados dessazonalizados. Em relação ao mês de fevereiro do ano passado o indicador segue com forte crescimento, alta de 21,9%, o que também contribuiu para acelerar o resultado do indicador no número acumulado. Após crescer 20,4% no primeiro bimestre, o ritmo de crescimento da recuperação de crédito passou de 15,4% para 16,3% entre os meses de dezembro de 2022 e fevereiro de 2023 na análise acumulada em 12 meses. 

“O aumento forte que temos visto na recuperação de crédito não surpreende, muito disse se deve ao fato de os registros terem crescido bastante. Com o avanço do ‘Desenrola’ pode ser que esse número ganhe um incremento e se mantenha forte ao longo ano, desacelerando menos em comparação às expectativas iniciais”, finaliza o economista da Boa Vista.

Metodologia

O indicador de registro de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau. 

O indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir da quantidade de exclusões dos registros de dívidas vencidas e não pagas informados anteriormente à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. Em janeiro de 2014 houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.