Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
A desvalorização rápida do real frente ao dólar e euro passou por cima da decisão do governo, tomada ontem, de eliminar os 6% de IOF que pesavam sobre as operações de renda fixa de estrangeiros. No mercado cambial, o dólar chegou a R$2,15 antes de fechar um pouco abaixo, em R$2,131. A bolsa também respondeu mal: queda de 2,3% no dia, que acumula perda de 13,4% em 2013. No mercado de juro futuro, que sinaliza a visão dos aplicadores quanto ao custo futuro do dinheiro, as taxas também abriram bastante, antecipando uma ação mais forte do BC nas próximas reuniões. Estão embutidas nas previsões do mercado atual mais duas altas de meio ponto percentual, levando o juro básico a 9%.
O movimento altista do câmbio adiciona pressão inflacionária sobre uma vasta gama de produtos que influirá nos índices dos próximos meses, entre eles o combustível, que a Petrobras vem em parte bancando no seu próprio balanço. O governo já sabe que perdeu o jogo do PIB em 2013, embora seja preciso registrar uma melhora gradual no comportamento da indústria, em linha com o encarecimento dos importados e uma redução leve na pressão vinda dos custos salariais internos. Vai ser um resultado sofrível em 2013, mas o discurso oficial se volta para o desate do nó da infraestrutura, com a colocação de muitos editais de obras novas em concessões de aeroportos, ferrovias e estradas de rodagem. Quanto disso resultará em investimento efetivo ainda em 2014 não se pode precisar ainda. Mas o ministro Guido Mantega cumpre seu papel de levar o discurso para o lado dos investimentos e para bem longe do problemático curso da inflação, do câmbio e das contas externas.
Ed.200