Por Paulo Rabello de Castro / Thiago Custódio Biscuola, da RC Consultores
A queda nos preços de matérias-primas começa a provocar duros efeitos nas economias emergentes, principalmente nos países latino-americanos. No Peru, a SNMPE (Soc. Nac. de Mineração, Petróleo e Energia) relatou esta semana que a renda obtida com o setor de mineração caiu 16,4% no primeiro quadrimestre de 2013 frente ao mesmo período do ano anterior. As exportações colombianas declinam 7,9% em relação a 2012. No Chile o superávit comercial caiu de US$ 3,3 bi para US$ 1,8 bi nos primeiros cinco meses de 2013, como resultado da queda de 11,4% do preço do cobre em 2013. A expectativa de crescimento de países como Colômbia, Peru, Chile, e por que não o Brasil, que tem suas economias baseadas na exportação de bens primários, está sendo rebaixada por analistas e pelos próprios Bancos Centrais, tanto para este ano como para 2014.
O cenário externo mudou completamente: da euforia sem nexo do início de ano para cá, o apetite pela especulação em commodities caiu drasticamente na esteira do anúncio de Ben Bernanke sobre cogitar mexer no nível de suas compras mensais de papéis. Isso deflagrou imediata fuga de capitais de todos os mercados emergentes sem exceção. O Brasil está entre eles e é considerado, no momento, um dos mais vulneráveis ao novo cenário. O que agravaria a posição brasileira é a alta dependência ao preço de commodities para fechar a balança comercial e não aprofundar o já enorme déficit em conta corrente. Há outros países que preocupam, entre os quais agora a China, cujo sistema financeiro entrou em estresse de desconfiança geral, como comentamos na última 6ª feira. Portanto, o câmbio deve continuar refletindo todas essas novas inseguranças, tanto aqui como em outros emergentes.
Ed.212