Por Paulo Rabello de Castro, da RC consultores
Os preços das commodities agrícolas continuam desabando no mercado internacional. Os grãos, com destaque para soja e milho, registram queda, desde a máxima anterior (em 29/04), de 37% e 36%, respectivamente. A confirmação da elevada produção da safra mundial 2014/2015, empurrada pela colheita recorde nos EUA, reforça o movimento baixista destes produtos. O estoque de milho nos EUA, maior produtor mundial, já teve alta de 73% na safra 2013/2014 e deverá aumentar outros 74% na safra 2014/2015, justificando amplamente a correção dos preços. A mesma acumulação de estoques, embora em menor escala, já impacta os preços futuros da soja.
O produtor brasileiro tem diante de si um grande dilema: produzir como no ano passado ou segurar o plantio, colhendo menos para não comercializar mais à frente com preços mais deprimidos. Isso explica porque a pré-comercialização deste ano anda tão devagar. Apenas 11% da soja de 2015 foi vendida a termo. No ano anterior, com ótimos preços futuros, o produtor já havia fechado mais de 40% da safra. Tudo indica que os grãos brasileiros serão vendidos no próximo ano em situação de preço bastante adversa, só servindo de compensação o ajuste ensaiado no câmbio, que descolou do patamar anterior e se desloca para a faixa de R$ 2,40. Um efeito positivo, contudo, dessa dificuldade do lado do produtor, é o controle da inflação pelo governo em 2015, cujo índice será menos pressionado pelo grupo Alimentação e bebidas, abrindo espaço para correções dos grupos Habitação (energia) e Transportes (combustíveis e tarifas).