Por Bruna Martins, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC
O Indicador de Registro de Inadimplentes da Boa Vista SCPC, divulgado hoje, registrou alta de 2,3% em 2014 e, considerando o atual cenário macroeconômico, a expectativa é de alta um pouco superior para 2015. Mas o que esperar para a taxa de inadimplência do Banco Central?
A taxa de inadimplência com recursos livres para as pessoas físicas divulgada pela autoridade monetária apresentou grande amplitude em seus resultados ao longo dos últimos anos. Os dois principais picos de inadimplência foram observados em meados de 2009 e de 2012: o primeiro por consequência de uma grande expansão do crédito, que foi recebido por consumidores que ainda não sabiam lidar com essa ferramenta financeira; e o segundo pela flexibilização dos critérios adotados pelos concedentes, ou seja, uma consequência de políticas de incentivo ao crédito que objetivavam o aquecimento da demanda em um período pós-crise. Neste último pico, iniciado em 2011, a taxa de inadimplência passou de 5,70% em janeiro para 7,40% em dezembro do mesmo ano, e continuou a subir por todo o ano de 2012, mesmo com fatores condicionantes do crédito favoráveis, tais como baixo desemprego, aumento dos rendimentos reais dos trabalhadores, redução da taxa de juros e aumento dos prazos de pagamentos.
Atualmente, a dinâmica é outra. A manutenção das condições favoráveis do mercado de trabalho, a maior seletividade das empresas concedentes de crédito e a redução da demanda do consumidor por crédito contribuíram para que a inadimplência iniciasse 2014 em 6,63%. Tanto a maior seletividade dos ofertantes como a menor demanda prevaleceram ao longo do ano passado, de modo que o cenário econômico - ainda que imerso em incertezas - manteve-se equilibrado com os primeiros fatores. Assim foi possível observar a permanência da taxa em torno de 6,5%, taxa que deverá consolidar os dados de 2014 em sua próxima aferição, no dia 27 de janeiro. Em 2015, a baixa atividade econômica, o aumento da taxa de juros, o mercado de trabalho desaquecido e a inflação em patamar elevado devem sobrepor as influências da seletividade dos ofertantes e dos demandantes de crédito. Com isso, esperamos que a taxa de inadimplência também fique acima da registrada em 2014. Isto se não houver um novo “loop” pelo caminho.