Os preços tornaram a elevar-se em março. A apuração do resultado da inflação oficial (IPCA/IBGE) para o mês atingiu 8,13% no acumulado em 12 meses. Já na análise mensal frente a fevereiro houve elevação de 1,32%, a maior registrada para o mês desde 1995. A principal categoria afetada foi a de Habitação. A alta refletiu o aumento dos preços da conta de energia elétrica, que sofreu revisão no início de março pela Agência Nacional de Energia Elétrica. O encarecimento foi devido aos custos das concessionárias que foram repassados ao consumidor, impactando 0,71 p.p. do índice agregado e sendo responsável por 53,79% da variação no mês do IPCA.
Apesar de observarmos importantes elevações nos grupos de Alimentação e Bebidas e Educação, chamou atenção também a elevação do grupo dos Transportes (0,09% de impacto), cujos preços se elevaram em 0,46% em março, ainda refletindo uma parte do aumento nas alíquotas do PIS/COFINS que entrou em vigor em primeiro de fevereiro.
Tanto a gasolina como a energia elétrica possuem em comum a administração dos preços por parte do governo federal, por vias diretas (tributação) ou parafiscais (reajustes do preço de gasolina frente ao mercado internacional pela Petrobras). No caso da energia elétrica, a medida foi adotada em meados de 2011, quando houve reelaboração dos contratos das concessionárias, sendo precificados com valores abaixo da média de mercado. No caso do reajuste de combustíveis, a nivelação com os preços internacionais ficou congelada por considerável período de tempo, defasando os preços nacionais do produto, barateando-o para o consumidor na época. No jargão econômico, políticas deste naipe para os fatores de oferta costumam ser chamadas de “once and for all”, ou na tradução literal, “de uma vez por todas”. Ou seja, uma vez feitas, seguram a inflação. Ao serem desfeitas, retomam os antigos níveis inflacionários.
Assim, observamos o desmantelamento de mais um item da antiga política econômica, com reajustes dos preços administrados já alcançando 13,35% no resultado acumulado em 12 meses. Ainda assim, apesar do grande impacto de curto prazo, as medidas incorporam o lema da retomada de confiança econômica. Há um custo de oportunidade entre os empecilhos presentes e futura retomada de crescimento. Março entretanto, deixará mais na memória a palavra “custo” do que “oportunidade”.