O ambiente de negócios para as grandes empresas no Brasil está se tornando cada vez mais desafiador. Além das expectativas de retração da atividade econômica, que pode influenciar significativamente a geração de receitas das empresas, o risco associado às operações dessas empresas vem aumentando.
De acordo com a agência de classificação de risco Moody’s, o Brasil tem hoje o maior número de empresas na última nota de grau especulativo e com possibilidade de perda de grau de investimento. E a piora do cenário econômico no Brasil fez com que a América Latina se tornasse a região com mais casos nessa condição. A classificação de risco das empresas afeta diretamente os custos e o volume dos empréstimos estrangeiros destinados a essas empresas.
Internamente, a tomada de crédito também está ficando mais complicada. Os bancos aumentaram o custo dos empréstimos nos primeiros meses do ano para as grandes empresas. A inadimplência PJ divulgada pela Boa Vista SCPC, em março de 2015, mostrou aumento de 5,7% nos registros de empresas inadimplentes no acumulado em 12 meses, contra os 12 meses anteriores. As empresas estão vendendo menos e a percepção de risco com os calotes subiu. Assim, além das taxas básicas de juros, os spreads também subiram, aumentando o custo final dos empréstimos.
A Petrobras, empresa que mais contribuiu para a situação de stress entre as grandes empresas, finalmente deve divulgar seus balanços auditados, do terceiro e do quarto trimestre de 2014. O balanço que sai hoje é considerado o mais importante da história da empresa, pois deve incluir as baixas contábeis resultantes da Operação Lava Jato.
Mesmo que a divulgação seja bem aceita, a Moody’s acredita que os efeitos da “saga” da Petrobras devam perdurar, mesmo que com menor intensidade. A desalavancagem nos investimentos da empresa continuará contribuindo para o declínio da atividade em toda a cadeia de suprimentos de óleo e gás, e a disputa com investidores não deve se encerrar com a publicação do balanço.
Os riscos permanecem altos e a única certeza que há é a de que haverá nova safra de receitas reduzidas e custos financeiros elevados.