Os bancos públicos voltarão a expandir a carteira de crédito por orientação direta do governo federal. Diferentemente do ocorrido em 2011 e 2012, quando o esforço de redução da taxa Selic e a forte ofensiva dos bancos públicos em derrubar as taxas de juros ao consumidor tinham como objetivo fundamental manter o nível de atividade, emprego e renda via consumo, a estratégia agora se modificou.
Dessa vez o foco são as empresas, em especial a indústria. Com a crescente dificuldade das companhias em gerar receitas e consequentemente em manter a liquidez, os bancos públicos participarão mais ativamente do financiamento do setor produtivo, oferecendo linhas de crédito com juros mais baixos e prazos mais longos. A política deve atingir diversos setores, mas terá início com a cadeia produtiva do setor automotivo, estendendo-se posteriormente para a construção civil, eletroeletrônicos, telecomunicações, papel e celulose, fármacos e químicos.
Ontem mesmo a Caixa Econômica anunciou que vai oferecer pelo menos R$ 5 bilhões até o fim do ano em capital de giro e financiamentos à produção para o setor automotivo. O Banco do Brasil anunciou hoje acordo semelhante com associações do mesmo setor para facilitar o acesso ao crédito e financiar fornecedores da cadeia automotiva no valor de R$ 3,1 bilhões em uma primeira etapa. Como o financiamento deve ser estendido a outros setores, como cooperativas, incorporadoras e grandes cadeias exportadoras, a expectativa é de que os desembolsos cheguem a R$ 9 bilhões.
Apesar de anunciar que as empresas beneficiadas devam se comprometer a manter o nível de empregos, os próprios técnicos da Caixa já admitiram a dificuldade desse tipo de controle. As medidas podem aliviar temporariamente o caixa das empresas dos setores contemplados e incentivar algum investimento, resta saber se elas serão suficientes para atingir o coração dos consumidores.