O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o apoio do Ministério da Saúde, divulgou ontem (24) a primeira divulgação mensal da PNAD COVID19, que terá a função de mostrar os impactos decorrentes da pandemia no mercado de trabalho e quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal. Também foi divulgado pelo Ministério do Trabalho dados relativos ao movimento dos pedidos de seguro desemprego durante o período da pandemia.

Uma parcela relevante da população brasileira foi afetada negativamente com a pandemia do coronavírus, sendo que dentre os 84,4 milhões de trabalhadores, 19 milhões estavam afastados do trabalho e, dentre estes, 9,7 milhões estavam sem remuneração, correspondendo a 11,5% do total da população ocupada em maio.

O número de requerimentos ao Seguro–Desemprego foi 53% maior em relação a maio do ano passado, contabilizando cerca de 960.258 pedidos na modalidade trabalhador formal. Na comparação mensal a alta foi de 28,3%, registrando o terceiro avanço consecutivo após já ter apontado aumento de 39,4% em abril e de 11,1% em março, mantida a base de comparação.

O rendimento efetivo dos trabalhadores ficou em R$ 1899, ficando 18,1% abaixo do rendimento habitual de R$ 2320.

Os auxílios monetários do governo relacionados a pandemia atingiram cerca de 38,7% dos domicílios brasileiros em maio, apresentando valor médio de R$ 847, sendo que mais da metade das residências das regiões Norte e Nordeste foram beneficiadas.

Tabela 1 - Pessoas ocupadas e pessoas que estavam temporariamente afastadas do trabalho

Fonte: IBGE

A região mais afetada do país foi a do Nordeste, no qual 5 milhões de pessoas estavam afastadas do trabalho devido a pandemia, correspondendo a 26,6% do total de trabalhadores da região.

O grupo mais afetado, em relação ao número de pessoas afastadas do trabalho, foi o de 60 anos ou mais de idade, sendo que no Nordeste, este grupo teve uma taxa de 33% de afastamento.

 

Tabela 2 - Pessoas ocupadas e pessoas afastadas sem remuneração

Fonte: IBGE

Entre as 19 milhões de pessoas afastadas, quase 10 milhões ficaram sem remuneração. As regiões do Norte e Nordeste foram as mais afetadas em termos percentuais, sendo que 53,2% e 55,3% da população afastada ficou sem remuneração, respectivamente.

Entre as categorias de ocupação, os mais afetados foram os grupos: Trabalhador doméstico sem carteira assinada (33,6%), Empregado do setor público sem carteira assinada (29,8%) e Empregado do setor privado sem carteira assinada (22,9%). Enquanto os menos afetados foram: Empregado do setor privado com carteira assinada (13,4%) e Empregador (11,2%).

De janeiro até maio já são contabilizados 3.297.396 requerimentos de seguro desemprego, valor 12,4% maior que o acumulado no mesmo período de 2019. Com isso, o indicador acelera seu ritmo de crescimento na análise acumulada em 12 meses e atinge alta de 5,3%, maior desde dezembro de 2013 (6,3%).

Fonte: Ministério do Trabalho

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março, já foram feitos 2.245.642 requerimentos, o que representa uma variação de 25% contra o mesmo período de 2019 (1.796.914). Esse resultado reflete um movimento de fragilização do mercado de trabalho para este ano, provocada pelos impactos das medidas de isolamento social e fechamento da economia durante esses meses. Sendo assim, um movimento inverso vai depender da flexibilização dessas medidas e da abertura gradual da economia ao longo dos próximos meses.

A seguir tabela com o resumo dos principais resultados dos requerimentos de Seguro-Desemprego no mês de maio.

Fonte: Ministério do Trabalho