O Banco Central divulgou o Relatório de Estabilidade Financeira, publicação semestral que apresenta a evolução recente e as perspectivas da estabilidade financeira no Brasil.

Abaixo um breve resumo das principais conclusões do relatório, que analisou as informações até o 1º semestre de 2019.

O crédito bancário às empresas voltou a recuar, mas as mudanças estruturais do ambiente financeiro dos últimos anos têm permitido forte crescimento do mercado de capitais.

  • A expansão do crédito bancário às Pequenas e Médias Empresas (PMEs) não foi suficiente para neutralizar a retração do crédito às empresas de grande porte.
  • Houve discreta melhora na capacidade de pagamento e na rentabilidade das empresas não financeiras de capital aberto, e redução do número de requerimentos de recuperações judiciais.
  • Os ativos problemáticos declinaram levemente, em razão da queda do risco advindo das PMEs e de créditos baixados para prejuízo da carteira das grandes empresas. Não obstante essas baixas, o risco relacionado às empresas de grande porte persiste elevado.
  • O crescimento do mercado de capitais mais que compensou a retração no mercado de crédito bancário, refletindo a busca das empresas não financeiras por financiamentos menos onerosos e a demanda dos Fundos de Investimento por ativos mais rentáveis.
  • A tendência é de manutenção do crescimento do crédito livre para as PMEs, especialmente nas modalidades menos arriscadas, e de financiamento às empresas via mercado de capitais.

O ritmo de crescimento do crédito às famílias é o mais elevado desde o final de 2015.

  • O avanço é favorecido pelas taxas de inflação e de juros historicamente baixas, e pelo aumento médio da confiança do consumidor nos últimos quatro anos.
  • Destacam-se as modalidades voltadas ao consumo, que avançam em ritmo semelhante ao início do arrefecimento do crédito em 2012.
  • Os ativos problemáticos apresentaram leve aumento, mas não representam risco por estarem muito próximos aos mínimos históricos. Ademais, a análise por safra demonstra tendência de aumento de risco apenas para a modalidade crédito pessoal não consignado.
  • O crédito às pessoas físicas (PF) deve continuar em ascensão, com nível de risco pouco acima do atual, dada a estratégia dos bancos de avançarem em modalidades mais rentáveis e arriscadas. Contudo, sem uma efetiva retomada da economia, essa estratégia pode ser alterada.

A rentabilidade das instituições financeiras permaneceu em elevação, com perspectiva de leve arrefecimento dessa tendência.

  • Os aumentos da rentabilidade no primeiro semestre de 2019 foram influenciados pela retomada gradual do crescimento da carteira de crédito, com maior participação do crédito às famílias e às PMEs.
  • A continuidade da alteração do mix da carteira, que deve equilibrar o efeito da redução dos spreads dos produtos, e os aumentos de volume devem direcionar a evolução da rentabilidade no futuro próximo. O custo de captação também deve registrar reduções, em razão do recente ciclo de queda da taxa básica de juros.
  • A tendência de leve arrefecimento da rentabilidade deve-se ao esgotamento da redução das despesas de provisão e da expectativa de retração dos ganhos de eficiência operacional, fatores que, em conjunto com a redução do custo de captação, foram importantes para o avanço da rentabilidade em 2017 e 2018.

A representatividade das empresas em Recuperação Judicial (RJ) no crédito amplo às PJ tem aumentado desde junho de 2016, mas não representa risco para a estabilidade financeira.

  • Embora o número de empresas que requerem RJ esteja declinando desde 2016, os ativos problemáticos elevaram-se em razão de requerimentos por parte de grandes corporações.
  • Entre as empresas de grande porte com dívida bancária, 57% voltaram à normalidade após 1,9 ano, em média, do pedido de RJ. Entre as PMEs, 9% voltaram à normalidade após 2,9 anos. Os demais pedidos, tanto das grandes empresas quanto das PMEs, foram convolados em falência.
  • Aproximadamente metade da dívida das empresas em RJ está no SFN, seja por meio de crédito bancário, de compra de debêntures e notas comercias, ou de dívida externa. Mais de 70% da dívida via crédito bancário está provisionada.