Dados divulgados hoje pela Fenabrave revelaram que o tombo das vendas de automóveis no primeiro quadrimestre do ano chegou a 19,9%, frente ao mesmo período de 2014. O resultado acentuou ainda mais uma curva que já andava negativa. A entidade também revisou mais para baixo a expectativa de vendas para o ano, que era de -10% no mês passado e agora chega a -19%. Os veículos leves devem recuar 18%, ônibus 21% e o comércio de caminhões 41%.

As notícias também não são boas quando o assunto é mercado de trabalho no setor automotivo. Doze mil empregos já foram ceifados com o fechamento de 250 concessionárias no primeiro quadrimestre de 2015, e a expectativa do setor é que o número total de concessionárias ainda caia 10% neste ano.

A onda de resultados preocupantes também se alastrou para outros índices do setor. Segundo divulgação de hoje da Confederação Nacional da Indústria (CNI), referente ao primeiro trimestre do ano contra o mesmo período do ano anterior, a queda do faturamento real do total da indústria brasileira foi de 6,0%, o rendimento médio real registrou recuo de 0,2% e do emprego industrial contraiu 3,9%.

Para piorar o cenário, o IBGE divulgou também hoje o Índice de Preços ao Produtor (que mede a variação dos preços dos produtos na porta da fábrica, sem impostos e frete). O índice teve a maior variação mensal da série histórica, com aumento de 1,93% em março, puxado principalmente pela elevação recente do dólar e pelo aumento das tarifas de energia elétrica. O aumento ocorreu em 19 dos 23 setores da indústria de transformação.

Os ajustes em curso na economia, bem como o aperto monetário promovido pelo Banco Central, manterão o cenário turbulento para a indústria, que ainda sofre com a baixa confiança de empresários e consumidores.

O fator câmbio, que hoje traz custos maiores para a indústria, é o alento para o aumento das exportações amanhã. Desde que a moeda se estabilize nos patamares atuais.